21 de ago. de 2010

VELANDO


O velório segue pela noite, se estende durante a madrugada e adentra a manhã.
As narinas e os ouvidos tampados com algodão impedem de sentir o cheiro da podridão e a insistência das apelações.
A boca colada com a secura dos lábios segura as palavras de explicação e revolta e liberta o silêncio conformista.
O corpo inerte se limita ao seu caixão mantendo a discrição de sua presença.
O véu e as flores protegem a pele do toque da imundice.
_ Ressuscite!  Ressuscite! alguns a volta do caixão gritam.
Não é possível voltar a vida, pois nunca esteve viva, ela sempre foi morta pois a pureza da morte nunca a permitiu ser viva. Nunca falto a esse velório.

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