10 de fev. de 2010

VOVÓ DOCES LEMBRANÇAS DOCE PRESENTE

De todas as minhas lembranças da infância a melhor foi vovó
O sorriso dela era terno, sempre aprovando minhas atitudes mesmo quando eu aprontava porque a doçura dela era tão intensa que não a permitia me enxergar com olhos de correção
O seu abraço era aconchegante, o mais quente e acalentador que já senti e ele tinha o poder de fazer com que qualquer dor fosse esquecida
O beijo dela era o mais sincero, me fazia sentir que seu amor por mim era incondicional e eu não precisava fazer nada ela simplesmente me amava e me achava o máximo
A sua voz era serena, soava como musica em meus ouvidos, me acalmava e eu adorava ouvi-la contar as histórias de sua juventude
A sua comida era especial, não sabia que tempero ela usava mais o gosto de tudo preparado por ela era único e sempre mais gostoso
O seu cheiro era relaxante, não importava que perfume ela usasse o cheiro dela era sempre o mesmo, cheirinho de vovó, acho que era o cheiro do carinho
Nunca esquecerei as noites felizes vividas ao lado da minha vovó, entre duendes, fadas, princesas, sem dúvida ela foi o personagem mais encantado que existiu no meu mundo.
Assim como os personagens encantados deixam de fazer parte de nosso mundo quando crescemos infelizmente à maioria de nós também se esquece da vovó, ela passa a ser apenas a doce lembrança do passado.
É quando seu sorriso terno de aprovação se transforma em criticas ao nosso jeito desprendido de conduzir as relações pessoais, o seu abraço aconchegante que solucionava tudo se transforma em conselhos que julgamos ultrapassados, o seu beijo e seu amor incondicional já não existe tamanha a decepção em ver o quanto somos diferentes dela, a sua voz agora fraca já nem tem força para longas conversas e das suas historias ela nem se lembra mais detalhes para nos contar, ela já não pode mais cozinhar para nós e nem para ela mesma e o seu cheiro já não é tão afável como antes.
Quando isso acontece os papeis se invertem é nossa hora de sorrir para ela e não recriminá-la quando ela comete alguma gafe, é hora de abraçá-la e confortá-la quando ela repete incansavelmente as mesmas queixas, é hora de beijá-la e amá-la incondicionalmente, agora que sua voz é fraca e sua mémoria falha é nossa hora de contar a ela os nossos planos do futuro, agora sem mais poder cozinhar é nossa hora de prover seu alimento, o cheiro dela já não exerce tanto conforto mais se tivermos serenidade para apreciá-lo veremos que nos remeterá a toda doçura vivida no passado.

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